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sábado, 16 de março de 2013

Rosî Moura, o testemunho cristão de uma apaixonada

Já contei aqui que, para Karl Rahner, a
 melhor palavra para dizer ¨fé¨ em nossos dias é CORAGEM.

Por isso eu trago um artigo escrito para um jornal virtual dos funcionários do Banco Central do Brasil. Este artigo, cujo título é FRANCISCO, foi escrito por Rosimêre Fonseca de Moura.

Rosi, como é conhecida por seus amigos e admiradores é uma mulher de coragem. Tem a coragem de sentir, de agir conforme o seu sentir, que é sempre um sentir amoroso.

Na semana passada, Rosi lançou um delicioso livro de contos, o ALÉM DAS CORTINAS que, desde os primeiros dias consta como um dos 100 mais vendidos da Amazon.com.br !






Tudo isso para dizer aos leitores do Blog que se encantem com o testemunho de fé dessa cristã que aqui dá consistência real ao que professamos no Credo Niceno-constantinopolitano:

Creio na Igreja
UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA.



Francisco



Em 13 de março de 2013, enquanto passava pelo coração da Vila Isabel, ouvi dobrarem os sinos da igreja mais próxima. Naquele horário as badaladas só podiam indicar a aparição da fumaça branca na chaminé da Capela Sistina. Liguei o rádio imediatamente.

Há algum tempo (foi logo depois da eleição de Bento XVI), uma colega me provou por a + b, num longo e-mail repleto de citações de normas, que eu não poderia me considerar católica apostólica romana (apesar do batismo, do catecismo, da primeira comunhão, da crisma), já que não frequentava nenhuma paróquia, quase não ia a missas, raramente comungava e descumpria várias das condições estabelecidas para tanto. Vi que ela tinha razão, agradeci e passei a me declarar laica, para todos os fins. 

Mesmo assim, a escolha do novo Líder da Igreja de Roma me interessa muitíssimo. Entrei em casa e fui direto para a TV ligada, acompanhando a cerimônia com atenção reverente. Só um tolo seria desrespeitoso para com a escolha de uma liderança religiosa que congrega mais de um bilhão de seguidores. Só alguém muito ingênuo desconsideraria a importância e a influência da figura Papal no planeta em que vivemos, católicos ou não.

Quando as portas se abriram e o Cardeal-Diácono Tauran anunciou, como escolhido, o Arcebispo de Buenos Aires, fiquei surpresa e contente. Um nome não europeu me pareceu um sinal de boa vontade para com o mundo fora dos limites do velho continente. Uma esperança de maior abertura, de aprofundamento de diálogo, de diluição de fronteiras entre os continuadores do trabalho dos Apóstolos, de um ministério para urbi et orbi. 

Então veio o anúncio do nome do novo Pontífice: Francisco. Fiquei perplexa. Torci por esse nome, por muitos anos. Embora eu ache um tanto feio haver torcidas em torno de qualquer aspecto da eleição de um Papa, embora tenha passado (durou menos de um segundo!) por minha cabeça a perguntinha infame “argentino?” durante a anunciação (perdoem hermanos, são puerilidades, Deus há de me perdoar), tenho de admitir meu silencioso desejo de ver um Papa assim chamado. 

Fiquei profundamente emocionada. Apaixonada pela vocação inovadora e pela consistência ética da Ordem Franciscana, entrevi na opção do Cardeal Jorge Mario Bergoglio, uma menção à possibilidade de uma prática ainda mais pastoral. De uma Igreja com tendência mais acentuadamente inclusiva. Uma Igreja ainda mais voltada ao socorro daqueles irmãos que, vitimados pela miséria ou pelo abandono, pela ignorância, pela violência ou pela doença, ficam à mercê do desespero e às portas da perdição. 

Uma Igreja capaz de resolver efetivamente seus problemas internos, ainda que ao preço de algumas mudanças profundas. Uma Igreja que dê maior prioridade à prática da caridade do que à simples repetição de seus cânones. Uma Igreja mais católica, menos romana e ainda mais apostólica.

O Sumo Pontífice vem da Ordem Jesuíta. Obviamente, o homenageado pode ser São Francisco Xavier. Muitos italianos falavam em São Francisco de Pádua. Entretanto, ao ver a figura altiva e suave de Sua Santidade, não pude deixar de pensar no doce revolucionário criador e líder dos Franciscanos. E creio que os quatro Franciscos em foco espelham esses propósitos de manifestação da humildade na expansão da fraternidade.

Por fim, quando o novo Papa pediu à multidão que orasse por ele, no momento de sua primeira fala, e curvou-se para também orar e receber a emanação da prece coletiva, num inequívoco gesto de inclusão de seus fiéis em seu destino, minha emoção foi mais forte. No fundo da mente, uma canção para crianças, antiga, soava em surdina: “Fazendo festa no menininho, contando histórias pros passarinhos... lá vai São Francisco pelo caminho”.

Há muito não me emocionava tanto com a apresentação de um novo Bispo de Roma. 

Que a luz do Cristo o acompanhe por toda a sua jornada. Abençoado seja o Cardeal Bergoglio pela escolha do nome Francisco. Louvado seja o Santo de Assis (e também os outros). Bendito seja o Papa Francisco em seu pontificado. 


Salve Jorge!



2 comentários:

RôsiMoura disse...

Jussara, eu sempre a considerei muito competente. Ainda assim, a beleza de forma e conteúdo de seu blog me surpreenderam. Estão acima do que chamo competências, porque, através da correção, vê-se emoção sincera, alegria e boa vontade em cada detalhe. E o que dizer da apresentação com que me brindou? Uma lágrima sapeca teima em brincar pelos sulcos de minha pálpebra inferior, já muito marcada pelo tempo. Mas a maior parte destas marcas foi cunhada pela alegria, por sorrisos como o que você me proporcionou. Hoje, você me tornou uma cristã mais feliz e mais agradecida.

Unknown disse...

Gente, eu sou leitora antiga de RosîMora.

E isso somente me é permitido quando a ¨minha cabeça¨ percebe que o coração do autor e o ¨meu coração¨ pulsam no mesmo ritmo.

O bonito é que essa história dos nossos corações começou no sonho de ¨um certo Banco Central¨ que ambas vivemos, algumas vezes sentadas em cadeiras opostas, mas sempre com a mesma nobreza de propósito.

Rosî comenta que me considerou ¨muito competente¨. Fiquei cor de ¨rosa Lee¨!!!

E você, Rosî ? A jovem que ensinou o que é coerência à nossa geração no Banco !

E mais: que a coragem coerente pode e ser atributo de todos !

Acho que o seu nome deveria ser reverenciado nos dias que correm, em que vemos o Banco Central tão desencorajadinho diante de sua missão !

Rosî, eu também jamais esqueci a sua festa de aniversário ! Lindeza ! Você e seu momento ! Ciro ainda estava por aqui e estámos os dois lá. Juntos. Juntos também com nosso amigo querido comum, o Leite, a quem podemos convocar para uma bela e breve conversação !!!

Afinal, temos muito a dizer !!!

AH ! O Blog do Rahner também ficou cor de ¨rosa Lee¨ com seu passeio por ele ! Saiba que seu texto foi o segundo mais lido da semana !!!

Com muito carinho e admiração,

Ju