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sábado, 25 de fevereiro de 2012

O que é a oração ? Para Rahner, é um ato da virtude da religião, pelo qual o homem se ¨concretiza¨a si mesmo. Vamos conferir com a nossa experiência pessoal de oração.

Vamos caminhar vagarosamente pela maneira sintética com a qual Rahner diz o que há de mais precioso para as nossas vidas.


1) Rahner diz que a oração é uma virtude da religião. Com isso ele nos coloca no seio de uma comunidade de fé. Eu mesma costumo dizer que não há cristão sozinho. Pertencer a uma Igreja, a uma religião, no caso, pertencer à Igreja Católica é ¨ser povo de Deus¨. 
Isto implica que eu me compreenda como Igreja. Assim, o cristão é aquele que não somente vai na Igreja, o cristão não somente participa da Eucaristia. O cristão sabe que ele é Igreja. 


2)  A seguir, Rahner diz que a oração é um ato de uma criatura intelectualmente dotada. Acredito que isto esteja muito claro: quando oramos, não falamos como papagaios. Usamos toda a nossa capacidade intelectual para formular esta expressão de fé. Criança ora ? Ora, porque quem disse que criança não é intelectualmente dotada ??? Quem tem filhos, netos, sobrinhos etc. sabe perfeitamente disso.


3) E Rahner prossegue afirmando que é por meio da oração que a criatura se volta para Deus. A primeira sugestão seria perceber o grito daquela bela homilia que está no Blog, do pe. Ulpiano, onde ele grita que a Quaresma é o tempo para voltar para Deus. Na verdade, a Quaresma é uma tradição da liturgia católica que se repete todos os anos, como que nos dando a oportunidade de recordar que o nosso destino é Deus. Quantas vezes a correria desatinada que vivemos não nos deixa tempo para lembrar de nos voltar para Deus, não nos deixa tempo para esta virtude da religião, que é a oração que dirigimos a Deus.


Rahner diz que é por meio da oração que nós, as criaturas, voltamos para Deus. Voltar-se para Deus implica em primeiríssimo lugar re-conhecê-lo como Deus e, a nós, como suas criaturas. Re-conhecer a Deus como nosso criador é o melhor modo de nos encaixarmos na nossa relação amorosa com o Pai.


4) Neste pequeno trecho, Rahner usa duas vezes a palavra criatura. Isto porque somente depois de nos re-conhecermos criaturas é que podemos re-conhecer e louvar a ilimitada, infinita, superioridade de Deus, de modo explícito ou implícito, sujeitando-nos a tal superioridade.


Quem nunca quis ser Deus ? Este sempre foi a raiz de todos os males (pecados). Quem nunca quis resolver sozinho o problema de cada dia de um filho ? Quem cresceu e nunca quis determinar o caminho de sua mãe idosa ? Quem nunca achou que seu filho adolescente não pode decidir nada sem você ? São exemplos duros porque muito sofridos. Mas nós, criaturas, não somos o Criador de outras criaturas, por mais próximos que delas estejamos, até biologicamente. Quantas vezes sabemos que a vida nos ensinou o caminho menos doloroso, mas mesmo assim não somos Deus para evitar que os nossos mais amados enfiem os dedos nas tomadas da vida e, vez por outra, levem alguns choques. 


O que eu posso fazer ? Eu posso ajudar o meu Criador. Eu posso ajudá-lo a me criar, a me con-formar à imagem e semelhança de seu Filho, o nosso Senhor. 


Voltar para Deus, voltar a conhecer Deus, entregar-me e aos meus mais próximos, às suas mãos - à superioridade de suas mãos, a que louvamos e agradecemos como as que nos acolhem do jeitinho com que Ele acolheu ao seu próprio filho. 


Pai, em suas mãos entrego o meu espírito !


Eu somente consigo percorrer este caminho da oração se eu tiver fundamentado a minha vida naquelas três virtudes teologais: fé, esperança e caridade.


E é assim que a oração vai possibilitando que eu, Jussara, me con-forme com o Cristo. O resultado desta conduta, da parte de todos aqueles que oram, é estar assemelhando-se a cada dia, à Imagem de Jesus Cristo, porque somente assim nos tornamos:

  • um ser humano que, como um todo ¨con-cretiza¨ a si mesmo; e
  • por meio desta ¨con-cretização¨ da realidade humana eu me submeto e, por assim dizer, eu me entrego a Deus. Amém .

A oração é um ato da virtude da religião, isto é, um ato de uma criatura intelectualmente dotada, por meio do qual a criatura se volta para Deus, reconhecendo e louvando a sua ilimitada superioridade, de modo explícito ou implícito, sujeitando-se a tal superioridade (na fé, esperança e caridade).  
Por isso, a oração é um ato pelo qual:

  • homem como um todo ¨concretiza¨ a si mesmo; e
  • por meio desta ¨concretização¨ da realidade humana se submete e, por assim dizer, se entrega a Deus.

Karl Rahner in Some Thesis on Prayer “In the name of Church”, 5.16, 419. Também em Theology Digest (St. Marys, Kansas) 11 (1963) 119-125.No original, Thesen über das Gebet “im Namen der Kirche” : ZKTh 88 (1961) 307-324. Também em Theologisches Jahrbuch, von A. Dänhardt (Leipzig 1965) 133-149.


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