A lição que Rahner pretende tirar do substantivo Emanuel, ¨Deus está conosco¨, parece abstrata mas, na realidade, aponta para a verdade última da humanidade, mesmo que não a tenhamos percebido em meio à nossa existência, que se perde num dia-a-dia cada vez mais repleto de tarefas.
Esta homilia de Rahner, proferida num 4º domingo do Advento, pretende nos mostrar que devemos alargar o entendimento da expressão ¨Deus está conosco¨, porque o que ele quer nos mostrar que é Deus, em si, é quem está conosco. Vamos ver como este ¨em si¨ altera e alarga o sentido da palavra Emanuel.
Deus em si está conosco, significa que Deus em si está conosco por meio dele mesmo (que é infinito) não por meio de dons finitos eventualmente ofertados a uma criação finita.
A escritura e a tradição testemunham a natureza deste que é o mistério último da nossa existência: Deus comunica a si mesmo a nós em sua infinita e incompreensível realidade.
Ele nos dá seu Espírito, que auscuta as profundezas da divindade, ou seja, a vida interior do próprio Deus e, assim, o Pai e o Filho passam a inabitar em nós, do mesmo modo como o Filho é um com o Pai desde a eternidade.
Este é o modo que partilhamos a natureza divina; não somos meros servos de Deus, mas crianças nascidas de Deus.
Isto implica que veremos e amaremos a Deus, não como em um espelho, ou por qualquer outra mediação criatural, mas diretamente, face a face.
A Teologia tradicional fala de graça incriada, do fato de a percepção direta de Deus não ser mediada por uma realidade criada, por meio da qual Deus teria então de ser reconhecido.
A Teologia clássica fala da inabitação do Deus Trino na pessoa humana, da auto-comunicação de Deus.
Cf. The Great Church Year 40-43.
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