Quem é o cristão Karl Rahner
Primeira Parte:
Karl Rahner quase desaparece escondido em sua obra. É comum entre os povos de língua germânica dizer que “acadêmicos não têm uma biografia, mas uma bibliografia”, o que parece ter sido também verdadeiro para KR. Mas, por detrás das quatro mil entradas em sua bibliografia, há um ser humano.
Neste tipo de família, de fato uma criança cresce com poucos problemas. O que se espera de uma pessoa, o que se espera que ela faça ou não faça é algo muito claro. Naquele tempo havia muito pouco espaço para a introspecção. Nós nunca experimentamos dificuldades sérias. Eu nunca vi meus pais brigarem. No meio em que eu cresci, não se falava sobre divórcio de parentes ou conhecidos. Tudo que se constitui em problema hoje – a falta de respeito pela autoridade, os problemas conjugais, os problemas de moralidade sexual, etc. – enfim a crise da adolescência não existia. Com certeza que depois da I Grande Guerra, digamos que muitas destas questões já começavam a aparecer.
Para Karl Rrahner o mundo de sua infância parecia mais simples e estável. As pessoas sabiam o que deveriam fazer e, de modo geral, agiam de acordo com o esperado. Naturalmente havia problemas humanos.
A vida de KR não é apenas dedicada à teologia, mas investida nela, uma vida dedicada ao altruístico serviço da teologia, tanto que J. B. Metz se recorda de ouvir Karl Rahner dizer que “não há nada que eu possa dizer que já não tenha escrito”.
Em 5 de março de 1904, nasceu Karl Rahner, em Freiburg im Breisgau, numa família em que seu pai, também Karl Rahner (1868-1934), era um Gymnasium professor em Freiburg.
Sua mãe, Luise Rahner (1875-1976), vinha de uma família de estaladeiros nos subúrbios de Freiburg, onde seus avós maternos tinham um pequenino hotel. Faleceu aos 101 anos de idade e era tida como a alma da casa.
Os salários de um professor eram muito baixos, então. Karl Rahner conta que em 1904-1905, na época em que ele nasceu, seu pai gastava 1/3 do salário apenas com o aluguel do apartamento em que moravam em Emmendingen, nos arredores deFreiburg. Mas sempre tínhamos o bastante para comer e tivemos as roupas suficientes. Não tivemos chance de mobilidade social. A minha mãe trabalhou como babá para trazer algum dinheiro extra para casa. Meu pai dava aulas particulares para manter os sete filhos. Quando eu tinha 10 anos de idade, a I Grande Guerra começou. E eu ainda me lembro disso muito bem. Meus dois irmãos mais velhos lutaram na guerra. O mais velho foi seriamente ferido e minha mãe, por conta própria, foi ao hospital e o trouxe de volta à nossa casa em Freiburg. Outros parentes meus morreram nas batalhas.
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