Participe !!!

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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Clique e veja algumas fotos da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, aqui na PUC-Rio

Igreja PUC-Rio - Jussara Linhares - Álbuns da web do Picasa:

'via Blog this'

Rio + 20: a pedido do pe. Elias Wolff, da CNBB, o Blog chama todos para atender a dois convites bacanas !


A CNBB estará presente na Rio + 20, e nos faz dois convites. 
Vamos participar e divulgar !!!

CONVITE PARA A
Mesa de Diálogo entre Líderes Religiosos
O compromisso das religiões com a vida na terra
Local: Aterro do Flamengo – Cúpula dos Povos - Tenda central do espaço “Religiões por Direitos”
Dia 19/06/2012 - Horário: 9:15 – 11:00
Objetivos: Possibilitar um encontro com lideres religiosos presentes na Cupula dos Povos para debater a relação entre religião e as questões ambientais. a) a compreensão das tradições religiosas sobre o meio ambiente, b) a contribuição das tradições religiosas para a solução dos problemas ambientais, c) estabelecer propostas de política ambiental d) propor práticas concretas de defesa dos recursos naturais e de sustentabilidade do planeta, e) propor uma mistica planetaria.
Líderes religiosos debatedores: judaísmo, cristianismo, islamismo, tradições afro
Organizadores: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; Religions for Peace

CONVITE PARA
CELEBRAÇÃO INTER-RELIGIOSA
Local: Aterro do Flamengo – Cúpula dos Povos - Tenda central do espaço “Religiões por Direitos” – TENDA 33
Dia 18/06/2012 – Horário: 11:00 – 12:30
Objetivos: Possibilitar um momento que ajude os participantes da Conferência da Cúpula dos Povos a vivenciar a mística planetaria. a) leitura de textos sagrados de diferentes tradições religiosas, b) cantos de diferentes tradições religiosa; c) gestos e danças de diversos rituais religiosos, d) momento de silêncio e) pequena mensagem sobre a mística do cuidado da vida na terra.
Organizadores: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; Religions for Peace

terça-feira, 12 de junho de 2012

Este Blog ama a Beleza ! Vejam a ¨maternidade¨


Dom Scherer, bispo de Joinville fala sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Na sexta-feira depois da oitava da festa de Corpus Christi, a Igreja celebra a festa do 
Sagrado Coração de Jesus. 
A devoção ao Sagrado Coração tem sua origem na Sagrada Escritura. 
O coração é um dos modos para falar do infinito amor de Deus por você. Este amor chega a seu ponto alto com a vinda de Jesus.
Dom Irineu Roque Scherer
Bispo de Joinville

A devoção ao Sagrado Coração aparece em dois acontecimentos fortes do evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34). Em um, temos o consolo pela dor da véspera de sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.
De acordo com os desejos de Nosso Senhor, manifestados a Santa Margarida Maria Alacoque, deve ser dia de reparação pela ingratidão, frieza, desprezo e sacrilégios que muitas vezes sofreu na Eucaristia, por parte de maus cristãos, e às vezes até por parte de pessoas que se presumem piedosas.

No dia 16 de junho de 1675, durante uma exposição do Santíssimo Sacramento, Jesus apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque e, descobrindo seu Coração, disse-lhe: "Eis o coração que tanto tem amado aos homens e em recompensa não recebe, da maior parte deles, senão ingratidões pelas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos que tem por Mim neste Sacramento de Amor".

Por esses dados não será supérfluo salientar o vínculo indissociável entre o Sagrado Coração e o Sacramento da Eucaristia. Neste, Jesus está realmente presente em corpo, sangue, alma e divindade. Portanto, nele se acha vivo e palpitante o seu Coração adorável que convida a si todos os homens.

Entre as muitas e ricas promessas que Jesus Cristo fez aos que fossem devotos de seu Sagrado Coração, sempre chamou a atenção a que fez aos que comungassem em sua honra durante as nove primeiras sextas-feiras do mês seguidos: "Eu te prometo, na excessiva misericórdia de meu Coração, que meu amor todo poderoso concederá a todos os que comungarem nove primeiras sextas feiras do mês seguidos a graça final da penitência; não morrerão em pecado nem sem receber os sacramentos, e meu divino Coração lhe será asilo seguro naquele último momento". É tal, que todos a conhecem com o nome da Grande Promessa.

Jesus nos revelou através da jovem Santa Margarida Maria doze grandes promessas: 1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração; 2. Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado; 3. Porei paz em suas famílias; 4. Consolá-los-ei em todas as suas aflições; 5. Serei o seu refúgio na vida e principalmente na morte; 6. Derramarei abundantes bênçãos sobre todas as suas empresas; 7. Os pecadores acharão no meu Coração o manancial e o oceano infinito de misericórdia; 8. As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas; 9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição; 10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos; 11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos no meu Coração, para nunca dele serem apagados; 12. A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

A devoção ao coração divino de Jesus Cristo começou a ser praticada, em sua essência, já no início da Igreja, pois os Santos tiveram muito presente, o coração de Jesus, símbolo de seu amor. Santa Margarida Maria de Alacoque foi a primeira pessoa a quem Jesus revelou o Seu Sagrado Coração (por meio de diversas aparições) e foi a primeira responsável pela divulgação do seu culto e devoção ao mundo. Santa Gertrudes, a Grande (1256-1302), compôs esta Oração expressando o seu Amor: "Eu vos saúdo, ó Sagrado Coração de Jesus, fonte viva e vivificante de vida eterna, tesouro infinito da divindade, fornalha ardente do amor de Deus..."


"Aprendei do Coração de Deus e nas 
próprias palavras de Deus, para poderdes
aspirar ardentemente às coisas eternas"


Santa Catarina de Siena elevou até um grau extraordinário o amor que dedicou a esta devoção: ofereceu o coração todo inteiro ao seu divino esposo, tendo obtido em troca o próprio coração de Jesus. A Beata Maria do Divino Coração, condessa de Droste zu Vischering, foi uma religiosa da Congregação das Irmãs do Bom Pastor que pediu, em nome do próprio Jesus Cristo, ao Papa Leão XIII que ele consagrasse todo o Mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Tal fato veio a ocorrer a 11 de Junho de 1899, logo após a publicação da Encíclica Annum Sacrum.
E todos os que leram a vida e a obra de Santos como São Francisco de Assis, São Tomás de Aquino, Santa Teresa de Ávila, São Boaventura, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, São Filipe de Néri, São Francisco de Sales, São Luís de Gonzaga, Santa Faustina, entre outros, poderão ver a terna devoção, a admiração e a adoração que estes santos dedicavam ao Sagrado Coração de Jesus.

Muitos Papas também divulgaram com seu próprio testemunho a devoção do Sagrado Coração e da Eucaristia. O Papa São Gregório Magno disse: "Aprendei do Coração de Deus e nas próprias palavras de Deus, para poderdes aspirar ardentemente às coisas eternas". Leão XIII consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. O Papa São Pio X também recomendou esta devoção tal como o Papa Pio XI e como, já antes, o fizera o bem-aventurado Papa Pio IX. Pio XII, mais de uma vez, recomendou esta devoção em cartas encíclicas e dizia que "a Igreja teve sempre em tal estima a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e de tal modo continua a considerá-la, que se empenha totalmente no sentido de a manter florescente em todo o mundo, e de a promover por todos os meios possíveis. O seu coração é o sinal natural e o símbolo do seu amor sem limites para com a humanidade".

O papa João Paulo II sempre cultivou esta devoção, e a incentivava a todos que desejassem crescer na amizade com Jesus. Do mesmo modo, o papa Bento XVI é devoto do Sagrado Coração de Jesus e anima "os fiéis para que mantenham esta bonita tradição" (Saudação aos peregrinos, Vaticano, 15 de junho de 2011).

Portanto, não percamos a íntima ligação entre a Eucaristia, que colocamos em relevo especial na festa de Corpus Christi, e o festa do Sagrado Coração de Jesus, que nos chamam à intimidade com Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

Por Dom Irineu Roque Scherer, Bispo de Joinville.

domingo, 10 de junho de 2012

Sou brasileira, naturalizada portuguesa, filha de português e de Portugal !

Hoje é dia de celebrar Camões. 

O jesuíta João J. Vila-Chã, postou em seu FB 

o lindo texto a seguir:



Neste Dia de Camões, que é também o do Anjo que proteje Portugal, gostaria de me aproximar a uma reflexão, certamente simplificada e desprovida de elementos que vão para lá do que aqui se pode dizer, sobre o que seja a nossa condição de sermos filho/a/s de Portugal: 
os que estão nele, como os que fora estamos; os que são parte do Portugal que está na Europa, bem como todos os outros que pelo mundo, de uma forma ou de outra, de Angola a Timor, do Brasil a todos os cantos deste mundo global em que se fala e escreve Português, reconhecem que a sua história é também parte de Portugal: todos, neste dia, nos recordamos que a Comunidade de Língua Portuguesa (real ou potencialmente com quase 250 milhões de agentes) é uma realidade que todos podemos afirmar, que todos devemos querer afirmar, que o próprio mundo precisa que nós, que somos dela, definitivamente afirmemos: sem presunção, mas com coragem; sem anacronismos, e contudo com ênfase e sentido do valor que nos seja próprio. 
Portugal tem mais de 800 anos de história e os seus pergaminhos merecem o maior respeito por parte de todas as nações civilizadas que estão à face da terra; a nossa história é longa, os feitos dos nossos antepassados fora-do-comum; temos um passado cheio de contradições, e contudo sabemos que numa coisa Portugal sempre acertou: ao fazer-se aos caminhos do mundo, por mar ou por terra, ou ainda por qualquer outro lugar, para dizer no mundo a Palavra que nos é essencial, que nos dá sentido e razão de ser, que nos faz ser quem somos. Muitas vezes, Portugal conseguiu dizer o que queria; mas mais frequentemente ainda, Portugal teve que aprender das suas próprias derrotas que, com a Palavra que levamos, com o Espírito que nos dá identidade, com a força que nos habita, não há derrota que para nós seja definitiva: Portugal, por definição, é uma nação-em-crise, um País em esforço continuado de quem sabe que não pode não ir mais além de si, não sair para fora-de-si, não abraçar o Outro. 
Durante séculos, este abraço deu-se não só com guerra e com armas, mas também com corpos entrelaçados e espíritos em estado de ebulição; agora, porém, é tempo de abraçar, numa dialéctica que o seja de identidade e alteridade, num generosos processo de re-subjectivação da nossa própria realidade; enfim, é tempo de comungar sem nos perdermos, sabendo que só a Comunhão nos faz ser a parte melhor de quem somos; é hora de trabalhar sem esperar recompensa, pois a nossa recompensa é o gosto de fazer bem o que se faz, de dizer a palavra que se é, de mostrar que somos, não por nós apenas, mas para todos. 
Em Portugal nunca deixou de haver crise, desde que Portugal veio ao mundo; em Portugal nunca se deixou de sair da crise, pois a Crise é permanente; em Portugal nunca se fecham bem as contas, pois estas estão sempre, cronicamente, ainda por fazer. Portugal, por isso, merece respeito, pois Portugal, sendo o que é, é uma Nação-ao-Aberto: com abertura para o mar mais profundo; para o mundo mais longínquo; para os Povos, as Culturas e as Civilizações; de facto, Portugal é assim porque tem Deus no coração, porque a nossa Alma não é nossa, mas d'Aquele que nos faz. 
Por isso, em tempos de crise, ora agudamente sentida ora estranhamente esquecida, Portugal tem uma simples vocação, que deveria ser exemplar: perseverar na Esperança, não se render mais às evidências da mediocridade, aos jogos do poder mesquinho, às fragilidades das situações e das conjunturas. Sendo pequeno, Portugal é grande; sendo-o, Portugal será tanto maior quando mais profundamente reconhecer a sua grandeza na sua pequenez, as suas vitórias nas suas derrotas, a sua força na sua mesma debilidade. 
De resto, foi assim que o nosso maior Poeta, Luiz Vaz de Camões, se fez: estudando e aprendendo; viajando e trabalhando; amando e deixando-se amar. Cometeu erros, o Poeta? Ninguém duvide. Mas também há que nos certificarmos que só um poeta decaído se pode levantar; só um viajante intrépido pode passar de náufrago (nas costas do Mekong) a desvelador da grandeza de Portugal, mesmo quando no ano da Morte do autor da nossa maior Epopeia (1580) Portugal, aos olhos do mundo, apenas parecia ter deixado de ser, reduzido a uma pequena sombra da sua grandeza de antanho. Estando caído, Portugal reencontrava pela Voz do Poeta a sua verdadeira grandeza; mergulhado na Crise, Portugal renascia poeticamente; destroçado, era a Voz do Outro que Portugal ouvia:


"Formosa filha minha, não temais
Perigo algum nos vossos Lusitanos,
Nem que ninguém comigo possa mais,
Que esses chorosos olhos soberanos;
Que eu vos prometo, filha, que vejais
Esquecerem-se Gregos e Romanos,
Pelos ilustres feitos que esta gente
Há-de fazer nas partes do Oriente.


"Que se o facundo Ulisses escapou
De ser na Ogígia ilha eterno escravo,
E se Antenor os seios penetrou
Ilíricos e a fonte de Timavo;
E se o piedoso Eneias navegou
De Cila e de Caríbdis o mar bravo,
Os vossos, mores cousas atentando,
Novos mundos ao mundo irão mostrando.

"Fortalezas, cidades e altos muros,
Por eles vereis, filha, edificados;
Os Turcos belacíssimos e duros,
Deles sempre vereis desbaratados.
Os Reis da índia, livres e seguros,
Vereis ao Rei potente sojugados;
E por eles, de tudo enfim senhores,
Serão dadas na terra leis melhores.
(Os Lusíadas, Canto II, 44-46)
Como Português, sinto orgulho que o Dia Nacional do meu País, para além do Anjo que reconhecemos na Fé (e que seria Portugal sem o Anjo que nos proteje?), não seja aquele em que se celebra uma das muitas vitórias militares que tivemos; de facto, neste dia de Portugal, nem sequer a efígie de um grande comandante ou caudilho se levanta. Não, Portugal levanta hoje o estandarte da sua Fé, a efígie do seu maior Poeta, aquele que tão trabalhosa e genialmente nos faz saber o que saber precisamos: os nossos feitos projectam-nos para o Oriente, coisa que se vê seja no Significado do Milagre de Ourique seja em muitas das maiores linhas da nossa história (pessoalmente, estou convencido que Portugal chegou ao Brasil apenas por uma grande razão: dobrar o Cabo da Boa Esperança e assim abeirar-se do Oriente que o esperava!); a nossa vocação histórica é a de mostrar novos mundos ao mundo, mundos que estavam fora e agora estão dentro; a nossa missão foi, e terá de continuar a ser, a de dar Deus ao mundo, fazendo deste um mundo de Deus, uma terra com leis sempre melhores; de facto, dar mundos ao mundo, e ao Mundo Deus, foi, e terá de ser, o maior orgulho, caso algum, de Portugal.

Que linda a apresentação da Rússia, entre sinos, Catedrais e corais magníficos ! Contemplemos !

Para Rahner, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus atua como um antídoto aos perigos que a espiritualidade inaciana vai encontrando ao longo do tempo. Veja como ele pensa.

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a espiritualidade de santo Inácio de Loyola
Neste artigo, Rahner esclarece que este carisma não pertence apenas a uma congregação da Igreja e nem todos os seus membros a vivem com igual intensidade. A consequência que ele tira  é que somente podemos avaliar um determinado carisma, olhando o todo da Igreja. 
A partir desse ponto, ele ensina que os pontos centrais de uma espiritualidade (no caso da inaciana: a indiferença, o existencial e o eclesial) vão encontrando ¨perigos¨ ao longo da história e do tempo e encontram na devoção ao Sagrado Coração de Jesus uma espécie de ¨corretivo¨, algo que funcione como um antídoto aos elementos do mundo que podem atuar contra determinada espiritualidade. Vamos ver nas palavras de Rahner como funciona este belo antídoto. 


Rahner, em um artigo, fala de sua espiritualidade com o surpreendente auxílio da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que é uma das marcas da espiritualidade da Companhia de Jesus.

Ele aponta três elementos centrais da espiritualidade inaciana como sendo: a indiferença, o existencial e o eclesial, que lutam permanentemente contra alguns perigos que encontrariam corretivo na devoção ao Sagrado Coração de Jesus. 

Por isso, ele assevera que a espiritualidade e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus formam uma unidade essencial que deve ser seriamente examinada.

Ele reconhece que é difícil para qualquer congregação religiosa manter o seu carisma através do tempo e, além disso, cada membro da Companhia apenas manifesta este carisma num maior ou menor grau.

Nesse artigo, Rahner pede que, nesse momento de meditação, o leitor se volte para o seu “interior” ao invés de julgar de pronto a espiritualidade vivida pelos outros. Isto porque nenhum carisma na Igreja é único, particular a uma só ordem, portanto, o ¨todo da variedade¨ de espiritualidades somente faz sentido no contexto de toda a Igreja.

Ele observa um certo desleixo  nos carismas de várias ordens e diz que, ao tempo em que devemos aceitar os benefícios deste desenvolvimento, devemos também resistir a seus perigos. Para Rahner, nós devemos aceitar os vários impulsos espirituais que penetram em nossas vidas, porque faz parte do nosso destino trabalhar para desenvolvê-los e neles basear o caminho condutor de nosso próprio caráter e temperamento.

As características essenciais da espiritualidade inaciana, para Rahner, são:

·      A indiferença – que ele traduz como um senso refinado da relatividade de tudo que não é Deus, e a convicção de que Deus é sempre maior;
·      O existencial – que ele traduz como a reunião prática das ramificações da indiferença. É a separação que faz o indivíduo sempre aberto a Deus, embora Deus possa revelar-Se no vazio ou na plenitude; e
·      O eclesial – que ele traduz como o amor de Inácio pela Igreja, que não era um homem ingênuo. Rahner faz esse alerta porque nós amamos a não-ambígua Igreja visível, apesar de suas fraquezas e fracassos, amando, assim, todas as coisas finitas que Deus tenha desejado, porém conhecendo tudo que há como não sendo Deus.

E a devoção ao Sagrado Coração de Jesus atua como um contrapeso interior da espiritualidade inaciana, porque o que há de especial em cada carisma não é a história toda. De fato, o que há de especial, algumas vezes é perigoso num estado quimicamente puro. Estranho como pode parecer, devemos trabalhar para desenvolver virtudes fora do usual para equilibrar como um contra-peso aos elementos destrutivos de um carisma.
A indiferença pode ser pervertida e se transformar em puro funcionalismo; o existencialismo pode levar à dureza de coração, e o amor da igreja pode levar a igreja a ser um fim em si mesma. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é o requisito antitoxina, gerada pela espiritualidade inaciana em si, contra estes perigos inerentes a ela.
Rahner aponta como as características da indiferença, do existencial e do eclesial podem ser corrompidas e como o “amor” é o seu antídoto e adverte: 

Mas a última fonte do amor é o Coração do Senhor. Daí que a espiritualidade inaciana somente pode ser saudável se amar aquele Coração e amar numa unidade com ele. De outro modo, tudo isto é o que há de mais sublime em si e se torna o mais mortal, porque qualquer antídoto efetivo deve estar relacionado ao que ele combate, por isso, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a espiritualidade inaciana devem estar intrinsecamente relacionadas.

O Sagrado Coração de Jesus é, ao mesmo tempo, a fonte e a salvaguarda das três característica associadas à espiritualidade inaciana. Para Rahner, o amor venerado no Sagrado Coração de Jesus funciona desse jeito com relação à indiferença, ao existencialismo e ao amor à igreja. Em cada análise, o mote é o mesmo: Rahner aponta como cada um dos três é um produto, um momento intrínseco do amor.
Apenas quando ele é vivido radicalmente até as últimas consequências é que ele evita os perigos que o cercam. Nós que somos animados pela bênção de ter o Espírito do amor soprando do coração perfurado de Cristo devemos compreender como na morte da indiferença, nós vivemos para viver;

como suportamos a solidão de nossa própria unicidade apenas porque podemos, no amor, descobrir o outro e servi-lo; e como amamos a Igreja a fim de amar todos os homens.



Cf. 384E) 1955 – Spiritualité ignatienne et dévotion au Sacré-Cœur: Les Carnets du Sacré-Cœur 13 (1956) 25-43 e RAM 35 (1959) 147-166 e em inglês, Ignatian Spirituality and Devotion to the Sacred Heart: Woodstock Letters 91 (1962) 18-35. No original, Ignatianische Frömmigkeit und Herz-Jesu-Verehrung: Korrespondenzblatt des PGV im Canisianum zu Innsbruck 90 (1955) 5-17.

sábado, 9 de junho de 2012

Ao Sagrado Coração de Jesus dirigimos nossas palavras


Vamos falar ao Coração, na oração de Rahner



Ah!
Podem ser débeis estas palavras, pobres e simples.
Podem subir ao céu, mensageiras de um coração alegre, e
podem ser como o imperceptível correr de lágrimas amargas.
Podem ser grandes e majestosas ou encolhidas como a tímida confissão de um primeiro amor.
Se saem, ao menos, do coração ...
Se podem sair do coração ...
Se a elas junta a sua voz suplicante, o Espírito de Deus.
Assim as ouvirá Deus.
 
Nenhuma palavra será esquecida e, estas palavras,
Ele as guardará em Seu coração.
Porque as palavras do amor não se pode esquecer.


170E) 1949 – Trevas e luz na oração. (SP: 1961). Angustia y Salvacion: reflexiones sobre El sentido y valor de La oracion em La vida Del hombre moderno (Madrid: Sapientia, 1953). Em holandés, Noodzaak en zegen van het Gebet (Kasterlee 1959). No original, Von der Not und dem Segen des Gebetes (Innsbruck 1949, 21949, 31952, 41955), (Herder-Bücherei vol. 28, Freibug 1958, 21959, 31960, 41964). Aqui utilizo sempre a tradução para a língua inglesa feita por Bruce W. Gillette, referendada na introdução por Harvey D. Egan, S.J., com o título: The Need and the Blessing of Prayer: a new translation of Father Rahner´s book on prayer (Minnesota: The Liturgical Press, 1997).  Também como Happiness through prayer (Dublin 1958).

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O que você sabe sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus ?

Mês do Sagrado Coração de Jesus
O Blog vai apresentá-lo conforme a bela antropologia de Rahner

Como deve ser o coração?

O coração deve ser como o Sagrado Coração, aquele que eternamente desejamos e que, pelo poder de Sua graça, nos transforma no projeto Dele para nós, nos ensinando, nos encorajando em Sua santa graça.

O coração deve ser como o coração do Cristo: pleno de amor e do sagrado poder sacrificial.

O coração deve ser como o desejamos: repleto pelo Espírito de Deus, quando a nossa visão de vida e a missão de nossa vida se tornam nítidas, e quando desejamos o amor que está em todas as coisas e que compreende todas as coisas, quando pedimos a força para ser tudo para os outros, quando desejamos a força de abandonar-nos e servir os outros...

Veja, é assim que nós devemos nos assemelhar. Pense novamente. O que significa Deus transmitir a força do Seu desejo para você ser santo? Pense o que significa que O que morreu, o fez como um exemplo para você? Pense o que significa que o desejo do seu próprio coração está para se tornar santo ... 

e, somente agora, pergunte:

O seu coração é assim?

Karl Rahner, em Porque precisamos orar. Trata-se de parte do primeiro texto publicado por KR (1924). A tradução para o português é de Jussara Linhares, autora do Blog.

domingo, 3 de junho de 2012

¨Quanto mais aderente ao seu tema é a Teologia, tanto mais é querigmática". Vamos entender o que Rahner quer dizer com esta frase ?


O que Rahner tem por meta em sua teologia é a pastoral, que ele chama de Teologia Prática, ou seja: o que Rahner procura é comunicar a experiência da autocomunicação de Deus a todos os homens. 


O jovem Rahner, ao iniciar sua carreira professoral em Innsbruck (1937), escolhe a Graça de Deus por tema. Naquela ocasião, a Faculdade estava empenhada na elaboração de um projeto de teologia querigmática que estivesse a serviço da pregação e da pastoral - tidas como distintas da teologia científica. 

Rahner, então um jovem docente, não concorda com tal orientação e vai cuidar da instância pastoral, inserindo-a num projeto de renovação da teologia católica em que, quanto mais aderente ao seu tema é a teologia, tanto mais é querigmática 1, como ele sustenta no programático artigo: Tentativa de esboço para uma Dogmática e seu consequente Esboço de uma Dogmática 2:
O mal entendido mais importante da chamada “teologia da pregação” ... foi precisamente a opinião ... de que a teologia científica podia continuar como estava, e que a única coisa que restava a fazer era construir, “ao lado”, uma teologia “querigmática”. 
Tal teologia consistiria, essencialmente, em dizer “o mesmo” que a teologia científica escolástica já tinha elaborado, porém de maneira um tanto distinta, “mais querigmaticamente”, e em dispô-la de modo mais prático. Na realidade, a teologia mais rigorosa, entregue de maneira apaixonada e única ao seu objeto, num interrogar-se constante sempre novo, a teologia mais científica, é a mais querigmática 3.
É bom lembrar que o esforço por uma teologia ¨sempre mais científica e mais querigmática¨, é fruto de toda a temática da obra de Rahner, que se alinha no entorno ao homem e seus problemas. 
Rahner busca sempre ¨salvar as almas¨, como diria santo Inácio, ou ajudar de modo prático o homem de nosso tempo. 


Se não devemos chamar Rahner de teólogo da ¨corte¨, 
também não podemos esperar, 
em sua obra, vestígios de um teólogo de gabinete que se debruça apenas sobre problemas especulativos ou históricos. 
Não. 
Rahner trabalha uma teologia prática, ou seja, uma teologia histórica no sentido de que seja útil para a vida do seu contemporâneo.




1 Cf. ATS 223-4.
2 K. RAHNER. Tentativa de esboço para uma dogmática, in O dogma repensado, SP: Paulinas, 1970, 106-152. Publicado originalmente sob o título Ueber den Versuch eines Aufrisses einer Dogmatik, em SZT, I, 9-47 e no THI, I, 1-37. As próximas referências ao artigo se farão pela abreviatura TED e a O dogma repensado pela abreviatura ODR. 
3 TED 113-114.