Participe !!!

Participe !!!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Blog contribui hoje com as freiras norte-americanas, oferecendo uma valiosa oração de Rahner.

Dorothy Stang, irmã missionária norte-americana


Observando a questão com as freiras norte-americanas, eu me lembrei de uma oração de Rahner, em que ele percebe a dificuldade de usar a sua própria liberdade.

Rahner  - diante da situação concreta que vivia e que ele descreve como ¨esmagadora pela autoridade dos superiores¨  - se volta para a oração.  

E é nessa condição de quase absoluta impotência que ele encontra saída. E esta saída ele desabafa numa oração ao Pai, nosso Criador e possuidor da liberdade absoluta.

Rezemos, com Rahner, a situação das freiras nos Estados Unidos:

Sei e desejo ardentemente acreditar nesta certeza: 

nunca devemos procurar a Vossa liberdade protestando contra as autoridades que receberam de Vós o poder.  

Quando a autoridade de que gozam os superiores nos esmaga, só há um meio de vencer a prova: 

agir conforme à Vossa liberdade; 

agir com retidão,  

servindo-nos da autoridade que pesa sobre nós como de ¨um instrumento para nos conduzir para o bem¨ (Rom 13, 3-4).
Amém.

 Apelos ao Deus do silêncio 57.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Entrevista con Gilles Lipovetsky. Não dá para perder. É do mês passado, gente ! Cheia de temas atualíssimos !


Alguns dos belos livros de Lipovetsky
  • Do Luxo Sagrado ao Luxo Democrático;
  • Era do Vazio, A: Ensaios Sobre o Individualismo Contemporâneo;
  • A Felicidade Paradoxal;
  • O Império do Efêmero: a Moda e Seu Destino nas Sociedades Modernas;
  • A Inquietude do Futuro: o tempo hiper-moderno;
  • O Luxo Eterno: da Idade do Sagrado ao Tempo das Marcas;
  • Metamorfoses da Cultura Liberal;
  • A Sociedade da Decepção;
  • A Sociedade Pós-Moralista;
  • Os Tempos Hipermodernos;
  • A Terceira Mulher.

Tempo pascal, tempo de esperança ! ... E a esperança não decepciona !!!

Continuamos acompanhando a questão das religiosas nos EUA.

Bullying the Nuns by Garry Wills | NYRblog | The New York Review of Books

O que é o espírito MAGIS?

O prof. Libânio é autoridade, quando o assunto é o Concílio VATICANO II. Quem puder participar, não deve perder a oportunidade.



quarta-feira, 25 de abril de 2012

A prof. Maria Clara Bingemer publicou hoje no jornal O Globo um belíssimo texto que nos faz sentir o espírito do Concílio, seus desafios e legados !


CONCÍLIO VATICANO II: 50 ANOS DEPOIS

  por  Maria Clara Lucchetti Bingemer


          Há cinquenta anos a Igreja Católica vivia um dos períodos mais importantes de seus mais de dois mil anos de história.  Convocado pelo Papa João XXIII na festa de Natal de 1961, o Concílio Vaticano II era inaugurado no dia 11 de outubro de 1962. Realizado em 4 sessões, foi encerrado em 8 de dezembro de 1965, já sob o pontificado de Paulo VI.

          O que pretendia o adorável e bondoso Papa João ao convocar em tempo recorde um Concílio Ecumênico com mais de 2000 participantes?  Que necessidade pulsava nas entranhas da comunidade eclesial,  fazendo sentir como necessária esta convocação? Por que a tradicional e respeitada Igreja Católica  assumia o risco de abrir suas portas e situar-se sob os holofotes da opinião pública do mundo inteiro?

           Desde Leão XIII,  que em 1891 confessara com dor o distanciamento do catolicismo para com a classe operária, tornava-se sempre mais claro para o governo da Igreja que esse distanciamento se dava em relação ao mundo como um todo. No pontificado do Papa Pio XII (1939-1958) já aconteciam dentro mesmo das fronteiras católicas movimentos de renovação fortes e influentes.  Os mais importantes diziam respeito ao estudo da Bíblia e à liturgia. Brilhante intelectual e agudo observador, Pio XII teve que viver um período conturbado em termos políticos, enfrentando a subida do Nazismo e uma Guerra mundial que esfacelou a Europa.

       Ali se sentiu ainda mais claramente a necessidade imperiosa para a Igreja de reaprender a dialogar com um mundo passado pelo crivo da modernidade, que não se regia mais pelos ditames da religião, mas avançava a passos largos pelos caminhos da secularidade e da autonomia da ciência e da técnica.

            Eleito em 1958, João XXIII surpreendeu o mundo ao  recolher todos esses desejos e expectativas e torná-los realidade com a convocação do Concílio. Seu objetivo era repensar e renovar os costumes do povo cristão e adaptar a disciplina eclesiástica às condições do mundo moderno.  A palavra italiana aggiornamento (atualização) foi cunhada para expressar o que o Concílio pretendia e os frutos que desejava e perseguia.

            Na visão profética de João XXIII, o Concílio seria como “um novo Pentecostes”, ou seja, uma profunda e ampla experiência espiritual que reconstituiria a Igreja Católica não somente como instituição, mas como movimento evangélico dinâmico, feito de abertura e renovação.  Assim começou o processo que resultou no Concílio Vaticano II e que foi como um divisor de águas para a Igreja. “Sopro de inesperada primavera”, em palavras do próprio Papa, foi marcado pela abertura e pelo olhar reconciliado para o mundo e sua complexa realidade.
      
       Enquanto Concílios anteriores na Igreja tinham como preocupação principal condenar heresias, definir verdades de fé e costumes e corrigir erros que nublavam a clareza da plena verdade, o Vaticano II teve desde o princípio como orientação fundamental a procura de um papel mais positivo e participativo para a fé católica na sociedade, discutindo não apenas definições dogmáticas e teológicas, mas voltando sua atenção igualmente para problemas sociais e econômicos, vendo-os não como ameaças, mas como autênticos desafios pastorais que pediam uma resposta por parte da Igreja.

       Ao definir a especificidade do Concílio que convocava, João XXIII declarou enfaticamente, com força e audácia pastoral, não pretender uma vez mais fazer listas de erros e condenações, como tantas vezes havia acontecido no passado.  Desejava sim a Igreja abrir diante do mundo a beleza e o valor de sua doutrina, usando mais de misericórdia e menos de severidade.  Isto, no seu entender, ia mais de encontro às necessidades dos tempos atuais e dava à mesma Igreja um rosto mais maternal e acolhedor.

            João XXIII não pretendia revogar nada do depósito da fé que lhe cabia guardar com zelo de pastor.  Mas tampouco desejava corrigir formulações ou proclamar novos dogmas. Sua intenção ao convocar o Concílio era que Igreja e Mundo pudessem finalmente dialogar abertamente, para que a mensagem cristã pudesse ser vivida em toda a sua profundidade e vigor.

            Hoje, cinquenta anos depois, o Vaticano II continua sendo uma referência não apenas para os católicos, e sim para todos aqueles e aquelas que desejam entender melhor o tempo em que vivem. Celebrar este aniversário é, portanto de fundamental relevância hoje mais que nunca.

Vamos acompanhar a Comemoração


domingo, 22 de abril de 2012

A autora do Blog vai abrir espaço para divulgar a questão. Vamos acompanhar.


Vatican crackdown on U.S. nuns a long time brewing



(Reuters) - When Pope John Paul II arrived in the United States in 1979, the president of the nation's most powerful organization of nuns met him with a challenge.

In a bold welcoming address, Sister Theresa Kane called on the pope to include women "in all ministries of our church," including the priesthood. The pope sat silent, his expression stony.

That moment did not change Vatican policy.

But it unveiled growing tensions between the Vatican and American nuns. The conflict would continue to mount for the next three decades, until this week the Vatican finally moved to reassert control over the aging but still ferociously independent conference of Catholic sisters.

In a stinging "doctrinal assessment," the Vatican accused the Leadership Conference of Women Religious - an umbrella group representing most American nuns - of numerous grave breaches of doctrine and decorum.

The report, four years in the making, found that the nuns promoted political views at odds with those expressed by U.S. Roman Catholic bishops, "who are the church's authentic teachers of faith and morals." The Vatican chastised the nuns for airing discussions about the ordination of women, the church patriarchy and ministry to gay people.

The Vatican also rebuked the nuns for spending too much time "promoting issues of social justice" while failing to speak out often enough about "issues of crucial importance to the life of the church and society," such as abortion and gay marriage.

Determined to cleanse the sisterhood of "radical feminist themes incompatible with the Catholic faith," the Vatican appointed Archbishop J. Peter Sartain of Seattle to effectively take control of the Leadership Conference, rewriting its statutes, supervising its meetings, and investigating its relationships with politically active groups.

Officials of the nuns' leadership conference said they were "stunned" by the crackdown. But Catholics who have studied the growing rift between the church hierarchy and American nuns said it was a long time coming.

'BREWING FOR 40 YEARS'

"This has been brewing for 40 years," said Ann Carey, the author of the book "Sisters in Crisis: The Tragic Unraveling of Women's Religious Communities."

Many U.S. women's religious orders began moving away from traditional roles - and their traditional deference to the Vatican - in the early 1970s after the Second Vatican Council, a conclave dedicated to modernizing Catholic religious life, Carey said.

Some stopped wearing the traditional garb known as habits. Some left the teaching and nursing professions to take up grittier work running soup kitchens or homeless shelters. Some moved out of convents to live on their own.

Some even directly defied Catholic doctrine. Donna Quinn, a Chicago nun who calls herself "a feminist and an activist and proud of it," spent years escorting women through a gauntlet of protesters to a health clinic that provided abortions. She has repeatedly called on the Vatican to reconsider its opposition to contraception and abortion - and she says she will not let any bishop silence her now.

"The institutional church men forget that we are women who are educated, articulate, seekers of truth and very, very holy," said Quinn, the coordinator of an outspoken group called the National Coalition of American Nuns.

The nuns' activism and defiance of church doctrine has long angered conservative Catholics. Several orders of nuns left the Leadership Conference to start their own, more traditionalist group. The Vatican, meanwhile, repeatedly signaled and issued at least one formal warning that American nuns must return to the fold.

'SECULAR FEMINISM'

"The attitudes and values of secular feminism had entered into their mindset" and created an "unhealthy" movement, said Russell Shaw, a church historian, author and former spokesman for the U.S. Conference of Catholic Bishops.

But the nuns were not inclined to back down.

Sister Joan Chittister, a former president of the nuns' leadership conference, said the nuns saw themselves as helping, not hurting, the church. Their difficult questions must be asked, she said, if the church is to remain vibrant, relevant and respected. "When you begin to suppress that, it's immoral," Chittister said. "It's a mistake for the church. And it's despair for its people."

The nuns' motto, declared on their website: "We risk being agents of change within church and society."

Fed up, the Vatican in 2008 launched its "doctrinal assessment" of the conference. It also completed a separate investigation of the quality of life for American nuns, but that report has not been made public.

Sister Simone Campbell, who runs a Washington-based Catholic social justice group called Network, said she believed the Vatican's harsh tone stemmed from anger about the nuns' support for President Barack Obama's efforts to get a healthcare overhaul through the U.S. Congress in 2009 and 2010. U.S. bishops opposed the law, signed by Obama in 2010.

The Vatican "clearly got upset that we were effective at communicating our views politically," Campbell said.

The nuns are not always at odds with the Vatican or U.S. bishops.

Last week, for instance, Campbell joined other nuns and theologians in calling on the bishops to speak out against Republican proposals for the federal budget. The bishops did so, protesting that the budget blueprint violated moral principles by slashing programs for the poor while protecting the wealthy. The nuns have also worked with the bishops on immigration reform.

But the nuns' Leadership Conference has not expended much energy on other priorities the bishops hold dear, like working to end abortion and gay marriage. The Vatican report said that was unacceptable.

For the most part, nuns did not actively oppose bishops on these issues - "it just was not part of their agenda," said the Reverend Thomas Reese, a senior fellow at the Woodstock Theological Center at Georgetown University, a Catholic university in Washington. "In a sense, they're being indicted for being silent."

The nuns' Leadership Conference has not yet decided how to respond to the Vatican's rebuke. But some Catholic scholars suggest that the issue will soon be moot.

The generation of nuns that struck out so brazenly in the early 1970s is aging. There are more nuns over age 90 than there are under age 60, according to the Center for Applied Research in the Apostolate at Georgetown University.

In 1975, the United States had more than 135,000 nuns. Now, there are fewer than 56,000.

In recent years, some religious orders have reported a recruiting uptick. But young novices are flocking not to the fiercely independent religious orders that so irk the Vatican but to more traditional orders - those that wear habits, live together in a convent, devote themselves to teaching, nursing and prayer, Georgetown researchers found.

Given that the younger nuns tend to be more traditional, church historian Shaw said he did not think the Vatican should expend too much effort reining in the older generation.

"Look at their median age," Shaw said. "This is an issue that is going to be settled by actuarial tables, not theologians or canon lawyers."

Sister Quinn of Chicago disagreed. "There's an old, old saying," she said, "that you cannot put the toothpaste back in the tube."

(Reporting by Stephanie Simon in Denver; Editing by Marilyn W. Thompson and Will Dunham)

sábado, 21 de abril de 2012

Veni Sancte Spiritus - Aguardemos Pentecostes com Taizé


Mantra
(do sânscrito Man mente e Tra alavanca) 
são entoados como orações repetidas.

Bento XVI: um caminho dramático e luminoso. Artigo de Bruno Forte

A vida e o pontificado de Bento XVI podem ser definidos com dois adjetivos,  que os caracterizam como um caminho inseparavelmente dramático e luminoso.
A opinião é do teólogo italiano Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, na Itália. O artigo foi publicado no jornal Il Sole 24 Ore, 19-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto
Eis o texto.


Os dias 16 e 19 de abril são duas datas importantes na vida de Joseph RatzingerBento XVI. A primeira é a do seu nascimento, em Marktl am Inn, na Baviera, há 85 anos. A segunda é a data da sua eleição ao pontificado em 2005. Ambas as ocorrências despertaram uma onda de atenção, de votos por parte dos grandes da Terra, de inúmeras mensagens de afeto, de sinais de ternura e de confiança dos pequenos e dos humildes de todas as partes do mundo. 

As duas datas são também uma ocasião de reflexão e de balanço do impacto desse pontificado, que já marcou a história. É o filão que eu gostaria de seguir, perguntando-se quais características fundamentais a obra fundamental desse papa apresenta e o que, sobretudo, ela vai dizendo à Igreja e ao mundo. Não hesitarei em definir a vida e o pontificado de Bento XVI com dois adjetivos, que os caracterizam como um caminho inseparavelmente dramático e luminoso.

O aspecto dramático da existência de Joseph Ratzinger e da sua ação como Sucessor de Pedro só fica evidente se pensarmos no contexto histórico dos seus dias: nascido nos tempos da República de Weimar, o atual papa viveu muito cedo os anos agitados da ditadura nacional-socialista e da guerra. Educado pelos pais firmemente religiosos, aprendeu com naturalidade a desconfiança para com as mentiras do poder, que o levou, como estudante muito jovem, a declarar abertamente aos que com a força do poder queriam alistá-lo nas fileiras do regime que os seus projetos eram totalmente diferentes, porque no seu coração ele se sentia chamado ao ministério do perdão e da caridade do sacerdócio.

A reação violenta que se seguiu a essa declaração não deslocou nem minimamente a firmeza do jovem Ratzinger, tanto que ele foi destinado a papéis secundários e "insignificantes" na defesa antiaérea. Ao drama do totalitarismo, seguiu-se a experiência não menos difícil do pós-guerra, da Alemanha dividida entre os dois blocos, de um Ocidente atravessado pelas contraposições ideológicas e pelo vento da contestação de 1968.

O jovem sacerdote, professor de teologia, não cedeu às modas, e – assim como havia lucidamente rejeitado quando jovem a barbárie ideológica – continuou a se opor às simplificações de leituras inspiradas nos "grandes relatos" das ideologias, matrizes de violência e de instrumentalização da dignidade humano. 

Ao lado de João Paulo II, o cardeal Ratzinger foi o amigo, o conselheiro lúcido e discreto, o companheiro de viagem posto ao lado do Moisés que Deus havia escolhido para atravessar a vau entre os dois milênios. Os cenários do "choque de civilizações" do início do novo milênio acentuaram ainda mais o sentido dramático dos processos em andamento, dos quais o Papa Bento XVI mostrou ter uma consciência precisa, pronunciando desde o início o seu "não" decidido a todo uso da violência em nome de Deus, seja por força da razão empregada retamente, seja por força da fé no único Pai e Senhor de todos.

Mas o drama também atravessou a Igreja por dentro: foi a crise da fé sobre o qual este papa se manifestou com singular clareza e determinação. "Quando anunciei que queria instituir um Departamento para a promoção da nova evangelização – afirmava Bento XVI no dia 30 de maio de 2011 –, eu dava uma saída operativa para a reflexão que eu havia conduzido por um longo tempo sobre a necessidade de oferecer uma resposta particular ao momento de crise da vida cristã, que está se verificando em muitos países, sobretudo os de antiga tradição cristã". 

Essa não é uma crise superficial que pode tocar uma ou outra estrutura da Igreja, mas sim uma crise que vai à raiz de toda a existência religiosa. Trata-se daquela "perda do sentido do sagrado, que chega a pôr em questão os fundamentos que pareciam ser indiscutíveis, como a fé em um Deus criador e providente, a revelação de Jesus Cristo, único Salvador, e a comum compreensão das experiências fundamentais do homem, como o nascer, o morrer, o viver em uma família, a referência a uma lei moral natural".

Diante dos cenários do drama em andamento, Bento XVI não cedeu à renúncia ou ao pessimismo: ele não hesita em anunciar o grande "sim" de Deus, que ressoa em Jesus Cristo, e a propor razões de vida e de esperança que tornem sensata a vida e belo o compromisso pelo bem de todos. Trata-se de uma mensagem luminosa, que visa a promover e a apoiar um extraordinário esforço de renovação da vida cristã e eclesial: como ele havia afirmado como jovem professor de teologia, a reforma "não consiste em uma quantidade de exercícios e de instituições exteriores, mas sim em pertencer única e inteiramente à fraternidade de Jesus Cristo (...) 

Renovação é simplificação, não no sentido de um encurtamento ou de uma diminuição, mas sim no sentido de tornar-se simples, de voltar-se àquela verdadeira simplicidade (...) que, no fundo, é um eco da simplicidade do Deus uno. 
Tornar-se simples nesse sentido – essa é a verdadeira renovação para nós, cristãos, para cada um de nós e para a Igreja inteira" (Il nuovo popolo di Dio, Bréscia 1971, p. 301-303).

A autêntica reforma desejada por este papa é, em suma, a da conversão evangélica, a única capaz de levar a Igreja novamente para a beleza original e de fazê-la resplandecer como sinal elevado entre os povos. Será desse reconhecimento reencontrado do primado de Deus confessado e amado – ao qual o ano da fé convocado para 2012-2013 aponta precisamente – que virá a nova primavera da Igreja e do mundo, dos quais os homens e mulheres têm uma imensa necessidade e urgência.

"O que mais precisamos neste momento da história – disse ele algumas semanas antes de se tornar papa – são homens e mulheres que, através de uma fé iluminada e vivida, tornem Deus credível neste mundo. 
O testemunho negativo de cristãos que falavam de Deus e viviam contra ele, obscureceu a imagem de Deus e abriu a porta da incredulidade. 
Precisamos de homens e mulheres que mantenham seu olhar voltado para Deus, aprendendo a partir daí a verdadeira humanidade. 
Precisamos de homens e mulheres cujo intelecto seja iluminado pela luz de Deus e aos quais Deus abra o coração, de modo que o seu intelecto possa falar ao intelecto dos outros, e o seu coração possa abrir o coração dos outros. 
Somente através de homens e mulheres que sejam tocados por Deus, Deus pode retornar para junto dos homens" (Subiaco, 1º de abril de 2005).

Esse é, em primeira pessoa, este papa: e o reconhecimento do cada vez mais amplo que lhe é tributado diz que a força da verdade, por ele amada e servida, se irradia por si só, através da humildade do gesto e da simplicidade da vida, da força dos argumentos e da escuta do outro, do testemunho corajoso e da esperança vivida. 

Que tudo isso alcance e ilumine muitas mentes e muitos corações é o desejo mais verdadeiro, certamente o mais agradável, que podemos fazer ao papa de 85 anos, jovem de apenas sete anos de pontificado...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Rahner explica como é que se chega ao propriamente filosófico de um filósofo


O contexto da afirmação abaixo é do período que se segue à publicação de O Espírito no Mundo, livro que contém a tese doutoral de Rahner e que trata do conhecimento, em santo Tomás de Aquino.

Ocorre que, na ocasião, Rahner foi acusado de ter sido muito moderno, de ter usado muitas ideias de filósofos modernos, especialmente Martin Heidegger, que havia sido seu professor de filosofia.

É bonito e hoje bastante claro que Rahner não se afastou de Tomás de Aquino. O que ele fez, ao invés disso, foi afastar as ideias ¨tomistas¨ que surgiram depois de Tomás.

Aqui ele nos ensina como ¨purificar¨ as ideias de um autor das influências que lhe vão sendo agregadas, ou, em suas palavras, como é que se chega propriamente ao filosófico de um dado filósofo, no caso, santo Tomás de Aquino.


¨Para  apropriar-se do propriamente filosófico de um filósofo, somente um caminho é viável: 
fundir o olhar com o dele nas mesmas coisas. 
Somente assim se pode saber o que ele pensava... e somente assim, o eterno de uma filosofia pode ser salvo da insignificância do puramente pretérito.¨



O Espírito no Mundo 14-15 (aqui, da versão em Espanhol).

sábado, 14 de abril de 2012

Eu quero que as nossas bibliotecas tenham esta Bíblia !

Olha só que trabalho bacana, gente! 

      Biblistas italianos apresentaram hoje no Vaticano a "Nova Versão da Bíblia dos Textos Antigos". A obra, que foi iniciada em 2010 e conta com 16 volumes, apresenta cada livro bíblico em uma nova versão acompanhada de um apurado aparato textual-filológico e de um amplo comentário exegético-teológico. 

      A "Nova Versão da Bíblia dos Textos Antigos" é uma sequência da coleção "Novíssima Versão da Bíblia dos Textos Originais", inaugurada pela Editora São Paulo, em 1967, no contexto dos trabalhos do Concílio Vaticano II. Conforme a Rádio Vaticano, a obra publicada hoje amplia os objetivos e as finalidades daquele primeiro projeto, que já se apresentava na época como corajoso e cheio de ambição. 

       Explicando com mais detalhes o projeto, os biblistas italianos, que fizeram a curadoria do projeto, informaram que entre as novidades trazidas pela nova versão está a apresentação da versão italiana juntamente com o texto em hebraico, aramaico e grego. O objetivo disso, segundo os biblistas, é que as pessoas tenham a possibilidade de cotejar a tradução com o original, e assim adquiram um conhecimento mais profundo das Escrituras. 

       Os biblistas informaram também que cada volume da nova versão vem com um apêndice que com um aprofundamento extra: a presença do livro bíblico no ciclo do ano litúrgico. Segundo eles, com isto, pretende-se proporcionar a compreensão por parte dos leitores não somente na sua colocação original, mas também na dinâmica interpretativa das praxes eclesiais.

Gaudium Press

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Hoje o prof. Ulpiano Vázquez Moro nos fala sobre as características do Espírito Santo. Não percam a aula !

O prof. Ulpiano é um grande professor de Trindade e hoje autorizou que publicássemos um trecho onde ele nos fala sobre as características do Espírito Santo. 


Trata-se de uma pérola extraída de suas aulas na pós-graduação da FAJE. Vem com a marca da leveza de quem ensina não sobre Deus, mas de quem conversa com Deus. Confiram e vejam que são comentários valiosos, principalmente agora que estamos no Tempo Pascal, nos preparando  para Pentecostes. 

¨Um modo de ver a característica do Espírito é no exame dos outros nomes que a Bíblia lhe dá. Ele é chamado de promessa do dom ou, quando essa promessa se realiza em Jesus Cristo, as palavras mudam e ele é chamado de dom da promessa.

O que quer dizer isso? Quer dizer que Deus que promete coisas ao longo da história da salvação - promete uma terra, promete uma volta do Exílio, etc.. Mas,  quando Deus quer fazer uma promessa radical, Ele promete o Espírito.

O que significa Deus prometer o Espírito? 
Significa que Deus Se promete.¨ 

Os famosos textos de Jeremias, de Ezequiel que, nos Atos dos Apóstolos, quando se conta Pentecostes, ou nas cartas de Paulo, voltam sempre na liturgia, voltam justamente para falar disso: Deus, como que tentando já a última e a maior das possibilidades, ou cansado de infidelidades diz: 

Eu vou lhes dar um coração de carne. Diz mais forte: 
Eu vou meter no seu peito um coração de carne e 
arrancar o coração de pedra ! 

A mesma promessa, cuja realização é o Dom do Espírito, é a promessa em que o próprio Deus Se promete, ou o próprio Deus Se compromete, ou próprio Deus está avisando que vai casar.

No fundo é isso. Vai fazer uma aliança em que o seu Filho é o noivo da humanidade, mas quem realiza essa proeza, ou quem realiza o desposório da adúltera é o Espírito, porque é a vida do próprio Deus, ou é participar da vida do próprio Deus, que ele promete à humanidade.

Por isso, no cristianismo, o termo santificação, ou dizer que a Igreja é santa, falar na comunhão dos santos e assim por diante, terá uma força tão grande. Santificação é a mesma coisa que os gregos diziam quando falavam theos, quer dizer, a divinização. Porque só Deus é santo. 

E é justo a santidade que Deus resolveu comunicar. Resolveu comunicá-la primeiro como promessa do dom. Depois, na morte e na ressurreição de Jesus Cristo, que são as bodas de sangue, que é onde Jesus Cristo casa mesmo com a humanidade e a fecunda, é aí que o dom do Espírito, segundo João, é dado.

O sangue e a água simbólicos desse Batismo ou Eucaristia - como o Concílio de Trento não tinha acontecido quando o autor do Evangelho de João fala sobre o sangue e a água, não tem que fazer muitas distinções dos 7 sacramentos, então vai junto Batismo, Eucaristia e tudo mais.

Quando no final do seu Tratado sobre a Trindade, Santo Agostinho se pergunta:
Como um homem pode amar Deus? 
e ele mesmo se responde como costuma acontecer: 
O homem não tem modo nenhum de amar Deus se não for a partir 
do próprio Deus. 

É aí que a flexão ginástica trinitária é fundamental, porque sem a missão do Filho e sem o dom que o Cristo faz do Espírito que Ele possui sem medida, não teríamos jeito de amar Deus. 

Quando se diz amar, entenda-se conhecer no sentido que a Bíblia dá a essa palavra, que é muito mais do que o trabalho intelectual.

Nesse sentido, o que a fé da Igreja nos ensina sobre o Espírito Santo por um lado mantém essa espécie de anonimato, mas por outro, tudo que acontece em nossa vida enquanto vida cristã é impossível sem a presença do Espírito Santo.

The Sisters of The Good Samaritan | Surrender is not weakness, nor resignation

The Sisters of The Good Samaritan | Surrender is not weakness, nor resignation:

'via Blog this'

Terra Boa - Reflexões de Pe. Ramon: Rezar nos umbrais do inconsciente... (I)

Terra Boa - Reflexões de Pe. Ramon: Rezar nos umbrais do inconsciente... (I): Encontramo-nos diante de um tema relativamente novo : Como usar a força e os conteúdos do inconsciente na oração e rezar em profundi...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

amando perdidamente

Deus me ama e eu posso amá-lo.
Eu o amo porque ele doou a mim o poder de amá-lo.
Assim, acabei totalmente perdido em Deus.

The Priesthood 289.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

E, porque houve Páscoa, houve Pentecostes.



Rahner amarra Páscoa e Pentecostes. E amarra com tamanha força os dois eventos, que a compreensão de um nos foge, se separada da compreensão e da complementaridade do outro. 

Sabemos que a Páscoa reúne a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo. De fato, sem Pentecostes, não há como entender o Deus Cristão, que é Pai, Filho e Espírito Santo.

É bonito o respeito que Rahner tem pela promessa de Cristo, promessa esta de nos oferecer o dom do Espírito. E este dom, que é o próprio Deus, é ofertado a nós na história, mas não é histórico como se deu com nosso Senhor Jesus Cristo, que veio estar entre nós, sabendo que um dia, tal como nós, iria também morrer.


Este dom do Espírito é lindo, Ele é o dom que vem para ficar! E como estamos falando do Espírito que vem para ficar para sempre, em Pentecostes falamos do Espírito escatológico.

Quando dizemos que em Pentecostes o Espírito Santo desceu sobre toda carne, é fundamental perceber que estamos nos referindo a este Espírito escatológico, o Espírito como dom irrevogável, ou seja, que desceu para estar para sempre presente. Como diz Rahner,

“Este” é o Espírito da eterna predestinação do mundo como um todo à vida e à vitória, o Espírito invencível que foi implantado no mundo e em sua história, e está indissoluvelmente unido a ele. 


Para Rahner, portanto, é “porque” houve a Páscoa - morte e ressurreição -, que houve Pentecostes. 

Pentecostes é o evento para o qual culminam todos os eventos da Páscoa, na busca de plenitude.

... em Pentecostes foi revelado que “este” Espírito é o Espírito de Cristo que, em sua emanação e em seu trabalho no mundo, partilha da “finalidade” de Cristo em si; é o Espírito do Cristo crucificado e ressuscitado e, por conseguinte, o Espírito que não desaparecerá do mundo e da comunidade de Cristo.

Para nós, homens e mulheres cristãos, Pentecostes é a revelação de que o Espírito é o Espírito do Cristo ressuscitado, que fora prometido ao mundo. 

Por isso, Pentecostes é a solenidade da descida definitiva do Espírito Santo, na celebração do Batismo no Espírito.


Rahner alerta que o verdadeiro Pentecostes não é uma visita esporádica do Espírito, um êxtase místico momentâneo. Ele diz que


Pentecostes é a manifestação vital de que o Espírito jamais se retirará do mundo até o final dos tempos.


[1] Theological Investigations, vol. VII, 195-197. In The Content of Faith 360.
[2] The Content of Faith 362.